Reportagens 02.09.2022

Os riscos dos alimentos cheios de açúcar e sal

Entenda o que são os ultraprocessados e o que eles fazem com o organismo

por Redação +SQ

Só de pensar num salgadinho crocante, num biscoito recheado ou num refrigerante geladinho, áreas do nosso cérebro associadas ao prazer são ativadas. Esses alimentos, no entanto, podem ser prejudiciais à saúde se consumidos regularmente por muito tempo, causando doenças como hipertensão e obesidade.

Eles integram o grupo das comidas ultraprocessadas, uma das quatro categorias de uma classificação que divide os alimentos com base no nível de processamento pelo qual eles passam antes de serem consumidos. Por exemplo, a lasanha congelada passa por vários processos até ser embalada e vendida, e é uma comida ultraprocessada. Já um cacho de bananas faz parte do grupo oposto, o das comidas in natura ou minimamente processadas. Em entrevista à +SQ, a nutricionista Camila Borges fala sobre o tema e sobre os riscos desses alimentos.

OS DIFERENTES GRUPOS DE ALIMENTOS

Entenda a classificação dos alimentos de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira

O que é uma alimentação saudável?

A alimentação saudável deve ser baseada em alimentos in natura e minimamente processados, que são frutas, legumes, verduras, alimentos frescos, carnes, ovos e pescados, e também o uso que a gente faz deles em preparações culinárias, que pedem um pouco de óleo, açúcar e sal, mas nada em exagero ou excesso. Além disso, devemos evitar os alimentos não saudáveis, como os ultraprocessados.

O que são alimentos ultraprocessados?

São alimentos feitos e processados pela indústria alimentícia que têm em sua composição elementos dos outros grupos, mas também têm aditivos e conservantes, usados para trazer, além da conservação, hipersabor e consistência. Eles costumam conter excesso de sal, gorduras e açúcares. Assim, com o ultraprocessamento, a gente não vai mais reconhecer a matriz do alimento, temos ali um novo produto criado totalmente pela indústria de alimentos.

O que é hipersabor?

Hipersabor é uma característica do alimento ultraprocessado quando tem, ao mesmo tempo, excesso de açúcar, gordura e sal. Não encontramos na natureza um alimento que tenha esses três nutrientes em excesso. Isso torna esses produtos muito saborosos e pode levar ao vício das pessoas em consumi-los.

Quais riscos à saúde os ultraprocessados podem trazer?

O consumo desses alimentos com frequência pode desencadear problemas cardiovasculares, diabetes, obesidade, hipertensão, câncer e aumento de mortalidade em geral. Eles são extremamente perigosos para a nossa saúde. Por isso é importante ter políticas públicas de alimentação e nutrição que foquem na regulação desses produtos.

O que você recomendaria a quem quer mudar de hábito alimentar?

Comprar alimentos frescos, olhar para a feira livre perto de casa e comprar de pequenos produtores porque nesses lugares vamos encontrar alimentos mais saudáveis. Outra coisa é preferir sempre alimentos in natura e pouco processados em vez dos ultraprocessados. Ultraprocessados trazem embalagens com cores chamativas e com alegações que levam a acreditar que o produto é saudável, como “rico em vitaminas”, “com cálcio”, e muitas vezes são produtos cheios de açúcar.

Além do custo, o que mais influencia na escolha da comida?

O preço tem um impacto muito forte. Os alimentos ultraprocessados muitas vezes são vendidos a preços mais baratos e prometem conveniência, são de fácil preparo. Não se compara o preço de uma salsicha com a carne bovina, um bife. Então, quando se coloca na balança, muitas famílias vão optar por esse alimento ultraprocessado mais barato, o que é terrível para a saúde e coloca em jogo a questão da segurança alimentar.

A fome ou algum nível de insegurança alimentar é um problema que os brasileiros têm enfrentado cada vez mais…

A insegurança alimentar tem vários níveis. No pior deles, a pessoa não sabe se ela vai comer a próxima refeição ou ela está há um tempo sem comer e não sabe quando vai comer de novo. No grau mais avançado, o indivíduo sente a fome, e isso tem relação com os fatores econômicos e raciais. A maioria das pessoas nessa situação são mulheres negras, em situação de extrema vulnerabilidade social, segundo recentes pesquisas nacionais.

Alguma recomendação final para a população de Paraisópolis?

Em regiões periféricas muitas vezes faltam locais onde se vende comida mais saudável, mas a gente vê iniciativas como cozinhas comunitárias e coletivas, que trazem opções saudáveis a preços justos, e as hortas urbanas, espaços de produção de alimento para a população local. Então, sempre que possível, compre alimentos frescos das feiras-livres, em sacolões e hortas.

Imagens: Freepik e AdobeStock/ Foto de Camila Borges: arquivo pesoal

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