Reportagens 15.03.2024

Como atacar a insegurança alimentar

As dificuldades para ter acesso pleno a alimentos de qualidade se tornaram mais comuns no Brasil — é mais uma das heranças tristes da pandemia. O que fazer?

por Victor Martiliano da Silva

A insegurança alimentar ocorre quando a família não tem acesso regular a alimentos de qualidade, e em quantidade suficiente. Em 2020, o número de brasileiros com fome — o nível mais alto de insegurança alimentar — era de 9%, de acordo com o levantamento Vigisan. Em 2022, esse número subiu para 15%. Ao somar todos os níveis, 58,7% da população brasileira viveu em situação de insegurança alimentar no ano passado.

Acredita-se que os efeitos da pandemia na economia, com a perda de renda, agravaram esse cenário. E, ao não ter recursos suficientes para adquirir os alimentos que gostaria, uma pessoa pode optar pelos itens mais baratos, que não necessariamente são os mais saudáveis. Comidas ultraprocessadas, por exemplo, como bolachas e macarrão instantâneo, muitas vezes custam menos do que carne, suco integral e até vegetais.

“Algumas estratégias são excelentes opções para ampliar o acesso à alimentação saudável e não ter grandes impactos na renda familiar, como comprar verduras, legumes e frutas da época, e de preferência quando a feira está acabando”, diz a nutricionista Maria Fernanda da Nóbrega, do Einstein. “Aproveitar os alimentos na sua totalidade, o que inclui folhas, caules e talos, também ajuda a evitar desperdício e a melhorar a absorção dos nutrientes”, completa.

A boa e velha dupla arroz com feijão merece ser valorizada nesse cenário, tanto pelo preço acessível como pela riqueza em nutrientes. Já investir nos ultraprocessados pode ser uma furada para a sua saúde. Eles são cheios de açúcar, sódio e outras substâncias que, em excesso, favorecem obesidade, hipertensão, colesterol alto e diabetes. É uma economia que sai caro.

Os níveis de insegurança alimentar

Leve: Quando há a incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo ou quando a qualidade do cardápio foi afetada

Moderada: Quando a família se vê obrigada a trocar alimentos pelo que consegue comprar, e já não come tudo o que gostaria

Grave: É o sinônimo de fome, ou seja, da privação considerável do consumo de alimentos

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