Reportagens 04.04.2024

No rítmo da saúde

Diversão, bem-estar físico e amizade se unem na democrática prática da dança. Conheça esse universo e um grupo de dança atuante em Paraisópolis

por Laís Nascimento

Dançar é só para mulheres?! Para jovens?! Para quem é sarado?! Que nada: está aí um exercício que pode mexer com o corpo (e a cabeça) de todo mundo.

“Existem desde aulas para crianças pequenas até grupos da terceira idade. Também há opções para gestantes, deficientes visuais, deficientes intelectuais e cadeirantes”, lista o fisioterapeuta e professor de dança Felipe Cassiano de Campos, do Hospital Israelita Albert Einstein

Segundo ele, dançar traz benefícios como fortalecer o corpo, estimular a coordenação motora, manter a pressão controlada… e aliviar a mente. Camyly Cibele, 16 anos (nas fotos), ilustra isso muito bem. Quando os avós morreram, a estudante entrou em depressão e mal comia – com 1,70 metro de altura, chegou a pesar apenas 48 quilos. 

Mas aí ela descobriu a Quadrela Companhia da Dança, um grupo que se reúne no CEU de Paraisópolis. Junto com o tratamento, esse hábito ajudou a dar ânimo a Camyly. Ela voltou a ter apetite, ganhou massa muscular e criou fortes vínculos sociais. “A dança é o pilar da minha vida. Ela me salvou”, afirma. 

Nessa fase, em que cérebro e corpo estão em desenvolvimento, a dança estimula a coordenação motora e o corpo como um todo. Mas o importante mesmo é se divertir e criar vínculos positivos com as atividades físicas, o que pode afastar o sedentarismo pelo resto da vida.

Às vezes, parece que falta tempo para trabalhar, dormir, cuidar da casa e dos filhos – e ainda fazer exercício e se divertir, né? Pois a dança ajuda nessa agenda cheia ao juntar um passatempo com uma atividade física, capaz de evitar doenças que surgem nessa época.

Vale a tradicional dança de salão? Vale! Mas valem também samba, dança contemporânea… Desde que esse pessoal esteja com o check-up em dia, o agito regular preserva a saúde e evita o isolamento social, que faz muito mal nessa fase. 

Os exercícios em geral melhoram o fluxo sanguíneo do cérebro, o que deixa o raciocínio e a memória em ponto de bala. Há também estudos associando uma vida ativa ao menor risco de doenças como Alzheimer.

Socialização, entretenimento e alívio do estresse são pontos altos da dança. O resultado é uma melhora do humor e um relaxamento, que ajudam a aguentar aqueles dias estressantes.

Movimentar o corpo com regularidade está entre as principais recomendações para evitar o diabetes, a hipertensão e outras doenças que afetam o coração. E isso sem contar que estimula outros hábitos saudáveis, como a alimentação balanceada.

Os saltos e outros gestos estimulam a formação óssea. Isso afasta a osteoporose, uma doença em que o esqueleto fica frágil e sujeito a fraturas perigosas. De quebra, fortalece ligamentos, tendões e outras estruturas

O diretor da Quadrela Companhia de Dança é o coreógrafo Roberto dos Santos, 61 (foto acima). Ele já dedicou 18 anos ao projeto e é uma prova de como essa prática garante disposição ao longo dos anos. Roberto inclusive conta que a dança favorece outra atividade física: o futebol, que joga aos finais de semana. “Fui percebendo que a dança me ajudava a saltar mais alto no jogo, e isso me encorajou”, diz. Ou seja, uma prática esportiva estimula a outra. 

Na sua carreira, Roberto sofreu algumas contusões. Em uma, distendeu um músculo da perna esquerda e mal conseguia pisar no chão. A recuperação levou mais de três meses

Segundo o fisioterapeuta Felipe Cassiano de Campos, exagerar na dose, movimentos mal executados e a falta de preparo são os principais fatores de risco para machucados – aí, quem mais sofre costumam ser pés, tornozelos e joelhos. “A melhor maneira de prevenir esses problemas é com um bom fortalecimento muscular e treinamento específico para a modalidade de escolha”, completa. Aos poucos, o corpo se adapta.

Veja o caso da Isadora Coutinho, 20, uma jovem aprendiz de logística que sempre teve pouca flexibilidade. Eis que, em 2018, ela conheceu a Quadrela. “Eu jamais imaginaria que a Isadora que começou a dançar naquela época conseguiria fazer as coisas que faz agora”, completa. Ela destaca que ganhou coordenação motora, agilidade e até velocidade de raciocínio. Se convenceu? Então, escolha seu estilo e caia na pista.

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