Reportagens 15.03.2024

O efeito para a saúde da poluição sonora

Barulhos altos vão muito além da irritação que provocam na hora. Qual o limite seguro?

por Mirella Alves Magalhães

Buzinas de automóveis, bailes funk… Sons elevados, principalmente quando emitidos de forma contínua, são enquadrados como poluição sonora. Ao passar muito tempo ouvindo esse barulho todo, alguns danos podem surgir, como a perda ou a diminuição da audição.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 25% da população do planeta terá algum nível de perda auditiva até 2050. Mas não é só a surdez que a poluição sonora provoca. Barulhos excessivos são estressantes, o que aumenta o risco de insônia e pode até causar problemas no coração. Dificuldade de concentração e irritabilidade são outros efeitos indesejados.

A OMS recomenda que os sons não passem de 50 decibéis — ou que, ao menos, a exposição a esses ruídos seja breve. O barulho de uma chuva moderada ou de uma conversa em volume normal equivale a 50 decibéis.

A exposição ao barulho recreacional, que acontece quando estamos em uma festa ou em um show, é um dos maiores riscos para os nossos ouvidos, diz o otorrinolaringologista Arthur Menino Castilho, presidente da SBO (Sociedade Brasileira de Otologia).

“Nessas situações, a pessoa está se divertindo e passa mais tempo do que deveria ouvindo um som de alta intensidade”, afirma o médico. A facilidade para ouvir músicas em dispositivos como fones de ouvido e caixas de som com maiores potências colabora para os danos à audição.

Evitar passar muito tempo ouvindo música alta e buscar mais momentos de silêncio são dicas de ouro para proteger o ouvido. Se o barulho não pode ser controlado — quando um vizinho escuta música alta ou uma construção está a todo vapor —, o melhor é usar protetores auriculares, segundo Luciano Gregório, otorrinolaringologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Fones de ouvido que oferecem isolamento ou que possuem o cancelamento de ruído ativo — tecnologia que emite sons em frequências que anulam barulhos externos — também são opções, diz Castilho. 

Atenção: a perda da audição pode ser lenta, mas é definitiva. Os especialistas aconselham que um médico seja procurado ao notar qualquer perda na capacidade de ouvir e entender as palavras. Zumbidos fortes que desaparecem também são um sinal de alerta.

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