Artigos 06.02.2024

Os perigos da automedicação

Comprar e usar remédios sem indicação pode gerar problemas de saúde – mas essa prática é muito comum no país

por Nicolly Bispo de Souza

A nutricionista Andreia Fraga, 30 anos, tomava um forte anti-inflamatório sem prescrição médica para combater as dores do lúpus, uma doença que afeta as articulações, o coração, a pele e outras partes do corpo. “Encontrei o medicamento pela internet e passei a utilizá-lo sem qualquer orientação”, conta.

Esse é um típico caso de automedicação: quando um paciente ou seu responsável compram um remédio sem a orientação de um profissional de saúde qualificado. Em 2022, 89% dos brasileiros adotaram essa estratégia, segundo pesquisa do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), em parceria com o Datafolha. Em 2016, o número ficava em 72%.

Quem usa medicações por conta própria acredita que a escolha traz benefícios. Em casos simples — como tomar um analgésico para aliviar uma leve dor de cabeça após exagerar em bebidas alcoólicas –, ela até tem sua função. Mas, mesmo aí, o ideal é ter conversado anteriormente com um médico ou farmacêutico para saber em qual remédio apostar, e se não há alternativas.

O que leva à automedicação?

“A automedicação é sempre potencialmente perigosa”, adverte Luiza Helena Degani Costa, professora de clínica médica da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. “Algumas medicações são compradas sem a receita e utilizadas sem o conhecimento dos efeitos adversos a longo prazo.”

Um dos riscos dessa compra sem orientação é o de abusar do medicamento, o que faz com que ele perca parte do efeito. “Com o passar do tempo, fui aumentando a dose do anti-inflamatório porque percebi que o efeito não era mais o mesmo”, comprova Andreia.

Além disso, ela passou a sofrer mais com os efeitos colaterais da substância, como azia e dores de estômago. Foi aí que passou a reduzir o consumo do medicamento. É melhor não esperar chegar a esse ponto para buscar apoio e um tratamento adequado

Quais são os riscos da automedicação?

Pílulas e comprimidos podem gerar problemas sérios se não forem ingeridos adequadamente

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