Nefrologista! Pesquisadora revela a importância desse médico, que cuida dos rins, e como tanto a ciência de ponta quanto os bons hábitos de saúde podem beneficiá-los
Artigos 02.05.2024

Nefrolo…o quê?

Nefrologista! Pesquisadora revela a importância desse médico, que cuida dos rins, e como tanto a ciência de ponta quanto os bons hábitos de saúde podem beneficiá-los

por +Saúde na Quebrada

A cada minuto, os rins filtram 100 mililitros de sangue – mais de 140 litros por dia. Só que esse trabalho de limpeza pode ser comprometido por diferentes problemas. A nefrologista Érika Bevilaqua Rangel estuda há décadas essas condições e as soluções modernas para enfrentá-las. Nesta entrevista, ela conta quais as principais ameaças aos rins, o que a ciência tem feito para lidar com elas e quais hábitos precisamos cultivar para preservar esses órgãos. 

Uma em dez pessoas tem problema renal. Se tem uma suspeita, a UBS tem que encaminhar para o Ambulatório Médico de Especialidades, o AME, e marcar consulta com o nefrologista. Identificamos que alguém tem doença renal com o exame que avalia as taxas de creatinina no sangue e pelo exame que avalia a perda de proteína pela urina (quando ela fica espumosa) ou de sangue.

É o médico que cuida do rim. Então é o médico que, além da formação básica, se especializou em problemas de rim. 

Nas doenças agudas, a gente pode ter uma infecção generalizada, que se chama sepse, que pode gerar uma lesão no rim. Se eu tomar um antibiótico, por exemplo, ela pode melhorar.

E tem os problemas crônicos, que são definitivos, e que normalmente vêm de outras doenças. Quais são as três mais comuns? Diabetes, pressão alta e nefrites [doenças que afetam estruturas dos rins chamadas glomérulos].

É importante fazer o diagnóstico dessas doenças e realizar o tratamento adequado. Se for pressão alta, dá um remédio para pressão. Se for diabetes, tem outras medicações que estão indicadas

Já se o rim parar de funcionar, eu tenho dois tratamentos: diálise [máquinas que filtram o sangue] e transplante de rim. Se eu não fizer esses tratamentos, há o risco de morrer. Mas, antes de chegar aí, eu posso fazer um monte de tratamentos para evitar que os rins parem de funcionar.

Elas podem levar a pessoa a perder o funcionamento dos rins e precisar fazer diálise ou transplante. O que causa pedra no rim? Várias coisas. 

O nosso rim é um filtro. Ele retém algumas substâncias e joga fora outras. Se ele acumula certas substâncias em grande quantidade, como cálcio, ácido úrico e oxalato, isso predispõe a pedras nos rins. A gente precisa sempre tratar a causa para evitar as complicações. 

Beber água é uma das orientações. Não ganhar peso é outra. Se tiver pressão alta, tomar o remédio direito. Se tiver diabetes, tomar o remédio direito. Não fumar e evitar bebidas alcoólicas. 

É com isso que eu trabalho. Vamos imaginar uma pessoa que chega a 50% do funcionamento do rim. Como é que eu preservo esse 50% para que ela nunca precise fazer diálise ou transplante?

Eu posso pegar a célula de uma pessoa saudável, uma célula-tronco [células que podem recompor tecidos danificados], e infundir nesse indivíduo com 50% do funcionamento do rim. E essas células-tronco ajudam as células do rim a não sofrerem mais, e com isso preservam o funcionamento de 50%. A gente tem feito isso em animal e vai testar agora em ser humano. A gente quer estacionar a progressão da doença renal.

E tem outra maneira de usar as células para ajudar a preservar o rim. Todo rim tem célula-tronco, e ela pode estar paradinha, quietinha, ou estar se multiplicando. Eu posso estimular a multiplicação das células-tronco usando algumas medicações. A célula-tronco consegue melhorar a inflamação, então ela ajuda as outras células que estão no rim a sobreviverem.

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