

Para não deixar a pólio voltar
Vacinação cai para níveis preocupantes. Conheça a doença
por Caio Sales
A vacinação infantil contra a poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, em diminuindo nos últimos anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, a cobertura era de 79,4% em 2016 e caiu para 61,3% em 2021. A meta é ficar acima dos 95%.
Segundo Cristina Bonorino, imunologista e professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, não atingir esse patamar pode fazer a doença voltar – o Brasil recebeu o certificado da Organização Panamericana de Saúde de país livre da pólio em 1994. “Alguns brasileiros mais velhos que tiveram a doença em uma época que não havia vacina sofrem até hoje com suas consequências. Às vezes até a expectativa de vida diminui”, afirma.
A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite, uma doença muito contagiosa. A pólio é causada por um vírus que se espalha por meio do contato direto com as secreções da boca. Grandes aglomerações e o convívio de muitas pessoas, em especial crianças, em um mesmo local contribuem para a disseminação do vírus.
Ao receber as doses da vacina direito, é possível proteger você e as pessoas que o cercam – mesmo as que não puderam se vacinar, como bebês menores de 2 meses e indivíduos com contraindicações, que são bem raras. Isso porque, quando há muita gente vacinada, o vírus não consegue mais circular nesse grupo. É o que se chama de imunidade coletiva. No Brasil, as vacinas são administradas nas unidades de saúde do SUS.

O médico Ricardo Queiroz Gurgel, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), pontua: “Estamos em um momento de resgate da importância da vacina no Brasil. O nosso Programa Nacional de Imunizações, o PNI, é conhecido e valorizado no mundo todo”.
Os efeitos da pólio
A poliomielite não possui um tratamento específico – o que os profissionais de saúde fazem é lidar com os sintomas e as complicações enquanto esperam o organismo superar o vírus. Ela afeta principalmente crianças menores de 5 anos, mas também pode atingir adultos. O sistema de defesa da maioria das pessoas consegue enfrentar esse agente sem apresentar sintomas, ou manifestando um quadro parecido com o de um resfriado. Já outros podem sofrer com febre, dor de estômago, enjoo, vômito, prisão de ventre e, raramente, diarreia.
O maior problema é que em torno de 1% dos infectados desenvolve a forma paralisante da doença. Nesse caso, partes do corpo perdem a movimentação. O quadro pode levar a sequelas irreversíveis e à insuficiência respiratória.
O vírus da poliomielite também é capaz de provocar uma meningite, ou seja, infectar as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Aí surgem febre, rigidez de nuca e náuseas. Se não enfrentada rapidamente, a meningite pode provocar convulsões, perda de audição e visão e amputação. Em casos ainda mais graves, ela resulta em morte.
A vacinação está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de segunda a sexta-feira, das 7 às 19h.
