A young Indian girl receiving a dose of oral polio vaccine by a trained healthcare worker. Original image sourced from US Government department: Public Health Image Library, Centers for Disease Control and Prevention. Under US law this image is copyright free, please credit the government department whenever you can”.
Reportagens 11.07.2023

Para não deixar a pólio voltar

Vacinação cai para níveis preocupantes. Conheça a doença

por Caio Sales

A vacinação infantil contra a poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, em diminuindo nos últimos anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, a cobertura era de 79,4% em 2016 e caiu para 61,3% em 2021. A meta é ficar acima dos 95%.

Segundo Cristina Bonorino, imunologista e professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, não atingir esse patamar pode fazer a doença voltar – o Brasil recebeu o certificado da Organização Panamericana de Saúde de país livre da pólio em 1994. “Alguns brasileiros mais velhos que tiveram a doença em uma época que não havia vacina sofrem até hoje com suas consequências. Às vezes até a expectativa de vida diminui”, afirma.

A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite, uma doença muito contagiosa. A pólio é causada por um vírus que se espalha por meio do contato direto com as secreções da boca. Grandes aglomerações e o convívio de muitas pessoas, em especial crianças, em um mesmo local contribuem para a disseminação do vírus. 

Ao receber as doses da vacina direito, é possível proteger você e as pessoas que o cercam – mesmo as que não puderam se vacinar, como bebês menores de 2 meses e indivíduos com contraindicações, que são bem raras. Isso porque, quando há muita gente vacinada, o vírus não consegue mais circular nesse grupo. É o que se chama de imunidade coletiva. No Brasil, as vacinas são administradas nas unidades de saúde do SUS. 

O médico Ricardo Queiroz Gurgel, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), pontua: “Estamos em um momento de resgate da importância da vacina no Brasil. O nosso Programa Nacional de Imunizações, o PNI, é conhecido e valorizado no mundo todo”.

Os efeitos da pólio

A poliomielite não possui um tratamento específico – o que os profissionais de saúde fazem é lidar com os sintomas e as complicações enquanto esperam o organismo superar o vírus. Ela afeta principalmente crianças menores de 5 anos, mas também pode atingir adultos. O sistema de defesa da maioria das pessoas consegue enfrentar esse agente sem apresentar sintomas, ou manifestando um quadro parecido com o de um resfriado. Já outros podem sofrer com febre, dor de estômago, enjoo, vômito, prisão de ventre e, raramente, diarreia.

O maior problema é que em torno de 1% dos infectados desenvolve a forma paralisante da doença. Nesse caso, partes do corpo perdem a movimentação. O quadro pode levar a sequelas irreversíveis e à insuficiência respiratória. 

O vírus da poliomielite também é capaz de provocar uma meningite, ou seja, infectar as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Aí surgem febre, rigidez de nuca e náuseas. Se não enfrentada rapidamente, a meningite pode provocar convulsões, perda de audição e visão e amputação. Em casos ainda mais graves, ela resulta em morte. 

A vacinação está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de segunda a sexta-feira, das 7 às 19h.  

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