

O parto humanizado é um direito!
Oferecer os melhores cuidados possíveis — sem excessos — e valorizar as preferências da mulher é obrigação do sistema de saúde
Muita gente acha que parto humanizado é aquele feito em casa, sem nenhuma intervenção médica. Não necessariamente! Segundo Rômulo Negrini, coordenador médico da Maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein, todo parto precisa ser humanizado: “Ele nada mais é do que colocar a gestante no centro das atenções e oferecer as melhores práticas, segundo a ciência, para cada caso”. O oposto é submeter a mulher a procedimentos desnecessários, privá-la de ações benéficas e deixá-la desconfortável (com insultos, falta de cuidado etc.). A isso se dá o nome de violência obstétrica.
Assim que descobre a gravidez, a mulher deve receber suporte profissional para lidar com seus medos — é também para isso que servem as consultas de pré-natal. Já na hora do nascimento, há práticas geralmente associadas a um parto humanizado: contato pele a pele assim que o bebê nasça, manutenção do cordão umbilical por alguns minutos para que mais nutrientes sejam passados ao recém-nascido, amamentação já nas primeiras horas de vida. Tudo isso, claro, se não houver uma emergência.
Não foi o que aconteceu com Luzinete Batista dos Santos, 31 anos. Durante seu parto, ela não recebeu os devidos cuidados da equipe da maternidade e passou muito calor. “Também ouvi comentários dos quais não gostei”, lembra-se a moradora de Paraisópolis. O mesmo aconteceu com Patricia dos Santos Melo, 26. Ao chorar e gritar porque estava com dor, a jovem foi repreendida por uma enfermeira.
A melhor maneira de escapar dessa violência é buscar informações e alinhar suas expectativas com os profissionais. Escreva um plano de parto (o que gostaria e o que não gostaria na hora H) e compartilhe-o antecipadamente com os profissionais. “Não fiz o plano de parto e me arrependo”, afirma Patrícia.
Além disso, por lei os profissionais de saúde não podem impedir a entrada de um acompanhante na sala de parto, se a mulher quiser. A presença dessa pessoa, especialmente se estiver bem orientada, ajuda a inibir maus-tratos e garantir que os desejos da mãe sejam satisfeitos, dentro do possível. Lembre: todos têm direito a um parto humanizado.
