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Reportagens 31.08.2022

Conversa contra o tabu

Pessoas com transtornos como ansiedade e depressão devem ser acolhidas e receber tratamento adequado

por Elisa Ferreira

Muitas pessoas minimizam os problemas de saúde mental. Nem sempre é fácil entender que um transtorno pode existir mesmo quando não há uma lesão, fratura ou exame que o identifique. No entanto, o sofrimento interno e a doença são reais e precisam ser tratados.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 13% da população mundial tinha algum tipo de distúrbio mental em 2019, como transtorno de ansiedade ou depressão. Juntas, as doenças atingem meio bilhão de pessoas no mundo. Um estudo também da OMS mostrou que, somente no primeiro ano da pandemia, a prevalência desses problemas cresceu 25%.

Conversar sobre saúde mental pode ajudar a entender melhor o assunto e abrir espaço para cada um se expressar e buscar ajuda. Para alguns, o tema ainda é um tabu, ou seja, algo sobre o que as pessoas não costumam falar.

Isabel Kahn, professora de psicologia da PUC-SP, diz que isso acontece porque, “quando se pensa em saúde mental, se pensa em loucura, e ela assusta, as pessoas ficam preocupadas em serem excluídas”. Também é comum pacientes com esses transtornos serem chamados de preguiçosos ou folgados por familiares, amigos e colegas de trabalho.

Segundo Kahn, não se trata de frescura nem corpo mole – os conflitos internos e a dor podem ser tão intensos que, em alguns casos, chegam a tirar o prazer de viver. “Algumas pessoas podem sentir extremo sofrimento, ficar apavoradas e ter crises”.

Para trazer conversas sobre saúde mental, Kahn fala que é importante abrir espaços em que as pessoas se expressem com segurança, que possam dizer o que estão sentindo sem julgamentos. “Se observar alguém triste, vá lá falar com ele e ver se ele quer se abrir”, diz.

Diferentes Sinais da Ansiedade

Sintomas físicos

Dor de cabeça, palpitação, suor, inquietação, respiração ofegante, falta de ar e tremores

Sintomas cognitivos

Pensamentos de tragédia ou de morte, irritabilidade e esquecimentos frequentes

Sintomas comportamentais

Dificuldade de falar, roer unhas, comer compulsivamente, isolamento social, nervosismo, impotência diante dos acontecimentos, entre outros.

É fundamental que a pessoa com sintomas prolongados de tristeza e ansiedade busque ajuda especializada com um psiquiatra ou psicólogo. O profissional poderá definir o melhor tratamento, que pode combinar o uso de medicamentos e psicoterapia.

Importante lembrar que nem toda ansiedade ou tristeza são sinais de doença mental. Sabe quando a pessoa se apaixona e sente aquele frio na barriga? Isso é uma reação normal. “É uma sensação que muitos de nós temos quando estamos em uma situação desconhecida, nova, em que não temos segurança”, diz Kahn.

O mesmo vale para a tristeza que sentimos ao perder um parente ou em uma separação. O problema é que, em alguns casos, esses sentimentos se prolongam, dominam a pessoa, a paralisam e a fazem sentir desesperança. Nesses casos, pode se desenvolver um transtorno de ansiedade ou uma depressão. Com conversa, tratamento e acolhimento, é possível sair dessa situação.

Algumas pessoas podem sentir extremo sofrimento, ficar apavoradas e ter crises

Isabel Kahn, professora de psicologia da PUC-SP

Saiba mais sobre a ansiedade

Qual o tratamento para o transtorno de ansiedade?

A psicoterapia é fundamental. A terapia pode ser individual ou em grupo. Ela é um espaço de fala, sem julgamentos, sigiloso, e você pode se expressar para descobrir as origens de traumas no decorrer da vida ou buscar formas de enfrentar dores e problemas. Em alguns casos, é importante consultar um psiquiatra, já que, dependendo do quadro, pode ser necessário o uso de medicamentos que controlem o transtorno.

Como evitar ficar ansioso?

Alguns hábitos também podem fazer você se sentir ansioso, como fazer tudo na correria, ver ou ler notícias em excesso e ficar muito tempo na internet e em redes sociais (criando expectativas por likes, exposição da vida etc.). O estresse intenso e prolongado pode levar a um transtorno de ansiedade. Por isso, procure relaxar, não se cobre para que tudo seja perfeito.

Como prevenir?

Não coloque um montão de compromissos para serem resolvidos em pouquíssimo tempo, não tente agradar todo mundo, não se coloque pressão e imponha limites a si mesmo. Questione-se para entender se está conseguindo relaxar, ter momentos de lazer, caminhar, cantar e ouvir música, entre outras atividades. Fazer exercícios físicos também é importante, mas cuidado para isso não se tornar uma obsessão — não se trata de uma competição com os demais, apenas algo que vai fazer bem a você.

Alimentação pode melhorar ou piorar a situação?

Café e álcool aumentam a ansiedade, então muito cuidado nas quantidades ingeridas. Também é importante evitar exageros com açúcar e sal.

Fontes: Isabel Khan (PUC-SP); ElsevierPublic Health Emergency Collection

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