


por Thaís Nascimento
Sistema de Recompensa nos faz buscar prazer, mesmo quando há riscos
O vício fez com que Roberta perdesse o emprego e não aproveitasse oportunidades de trabalho. Depois do pai de seu filho, ela teve outros dois relacionamentos. Um dos seus parceiros, além de usuário, também era abusivo, e na época ela sofreu com as agressões.
“Contei pra ele sobre o uso e ele foi totalmente contra, mas queria me ajudar. Ele ficava desconfiado mesmo quando eu não usava, e aí começaram as discussões e as agressões. Foi quando nos separamos e voltei a usar cocaína excessivamente. Nessas idas e vindas, nunca tive forças para falar ‘não’”.
Roberta diz que não conseguia fazer atividades de lazer, como tomar uma cerveja, sem usar a droga. “Chegou um certo ponto que minha cabeça doía, era meu organismo pedindo a droga. Estava dependente, usava para ir em festas, fazer outras atividades. Hoje, sei que não é necessário, a gente não nasceu com a droga e ela não faz parte da nossa vida”.
Com 39 anos, Roberta fala que encontrou ajuda na religião. “Aos 37 anos comecei a perceber que minha vida não tinha sentido, não tinha progresso, só perdia o respeito do meu filho e da minha família. Resolvi buscar ajuda espiritual, eu sabia que sozinha não conseguiria, me tornei umbandista e estou limpa da cocaína há mais de um ano.”

“
A gente não nasceu com a droga
e ela não faz parte da nossa vida
Após impactos na vida pessoal e profissional,
Roberta procurou ajuda para combater o vício
Dados do Ministério da Saúde indicam que houve um aumento nos atendimentos da rede pública de pacientes com transtornos causados pelo consumo de substâncias químicas. Em 2020, foram contabilizados 356 mil casos; em 2021, superaram a marca dos 400 mil, dos quais 31,9 mil foram causados pelo uso de cocaína.
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