

Diabetes: mais cuidado e menos radicalismo
Essa doença exige uma dose de disciplina com o tratamento e os hábitos, mas dá para manter o sabor da vida
A dona de casa Maria das Dores, 50, hoje sabe que faz parte de um grupo de cerca de 15,7 milhões de brasileiros diagnosticados com diabetes, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes. Mas em 2010 ela se surpreendeu quando, grávida do segundo filho, foi informada que tinha diabetes gestacional
Logo que o filho nasceu, essa moradora de Paraisópolis viu seus exames normalizarem. Cinco anos depois, no entanto, o diabetes retornou – dessa vez como tipo 2. “Meu pai também teve essa doença, então eu fiquei triste. Mas a vida que segue”, diz a dona de casa.
O diabetes de forma geral é definido por um excesso contínuo de açúcar (glicose) no sangue. Embora costume só apresentar sintomas quando já avançou bastante, ele é uma das principais causas de AVC e problemas no coração. Além disso, afeta a sensibilidade e a cicatrização, o que aumenta o risco de feridas não serem notadas e avançarem rapidamente, ao ponto de necessitarem de amputação. Maria das Dores não sofreu com essas complicações, mas a dona de casa já sentiu fraqueza, tontura, dores de cabeça, ressecamento da pele e sonolência. Para evitar esses sintomas e os problemas mais graves, é preciso tomar cuidados diários.

moradora de Paraisópolis
e diagnosticada com diabetes tipo 2
O primeiro é seguir o tratamento, que não possui prazo para acabar. “O paciente tem que ser parceiro do médico, e vice-versa”, aponta Simão Augusto Lottenberg, endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Maria das Dores, por exemplo, aplica suas injeções de insulina e toma os medicamentos direitinho.
Como o tipo 1 e o 2 não têm cura, o acompanhamento é constante. Nesse sentido, monitorar várias vezes ao dia o índice de açúcar no sangue, também chamado de glicemia, é fundamental. O método mais comum se baseia no glicosímetro, um aparelho que revela essas taxas logo após o paciente colocar nele uma fitinha com uma gota do seu sangue, extraída do dedo. Aumentos ou quedas inesperados na glicemia devem ser controlados conforme a orientação prévia do médico.
Os principais tipos

Sintomas e riscos
O que acontece quando o diabetes não é controlado
- ● vontade frequente de urinar;
- ● Sede excessiva;
- ● Cansaço;
- ● Tontura e enjoo;
- ● Pele ressecada;
- ● Emagrecimento exagerado, sem causa aparente;
- ● Visão embaçada e, sem tratamento, cegueira;
- ● Perda de sensibilidade, principalmente nas extremidades do corpo;
- ● Dificuldade de cicatrização de feridas, o que pode terminar em gangrenas e amputações;
- ● Maior risco de infarto, AVC e outros problemas cardiovasculares;
- ● Insuficiência dos rins;
- ● Propensão a infecções pro fungos e bactérias;
- ● Maior probabilidade de demências.

O tratamento do diabetes, independentemente do tipo, também envolve adaptações no estilo de vida. Entre elas, maneirar em alimentos com muita gordura ou açúcar. “Nada é proibido, mas tenha bom senso”, ressalta Lottenberg.
Bom senso, aliás, é a regra de ouro da Maria das Dores. “Não sigo uma dieta específica e evito restrições alimentares rigorosas”, garante. Seu foco é não abusar das fontes de carboidrato, como arroz branco e doces, e tomar cuidado especial com os ultraprocessados (sorvete, refrigerante, salgadinho de pacote etc.), que tendem a apresentar alta concentração de gordura e açúcar.
De acordo com Lottenberg, a base nutricional da alimentação brasileira é excelente. Arroz, feijão, bife e salada compõem um prato nutritivo e equilibrado, inclusive para quem tem diabetes.
Também vale investir nos exercícios físicos. Se, como a Maria das Dores, você tem dificuldades para sair do sedentarismo, o médico do Einstein dá uma dica: “Está voltando do trabalho? Desça um ou dois pontos antes e ande até sua casa. Já ajuda”. Com o tempo, o corpo se adapta e surge mais ânimo para os esportes.
Aliás, boa alimentação e atividade física ajudam não só quem tem essa doença, como quem deseja se prevenir dela. E atenção: todo mundo deve fazer exames regulares para checar a glicemia. Principalmente se diagnosticado precocemente (antes dos sintomas) e bem tratado, o diabetes não impede uma vida gostosa.