Artigos 10.05.2024

7 dúvidas e respostas sobre epilepsia

No Brasil, 1% da população possui epilepsia, uma doença carregada de estigma e mitos. A +SQ conversou com o neurologista Luís Otávio Caboclo, do Einstein, para responder às principais perguntas sobre o assunto

por Daiane dos Santos

Há alguns casos em que crianças são diagnosticadas com epilepsia, mas ela desaparece com o tempo — não se sabe ao certo o porquê. Já em adultos, a condição geralmente persiste por toda a vida. Por isso, o tratamento deve ser contínuo, para reduzir o número e a intensidade das crises.

Claro! O Sistema Único de Saúde oferece tratamento completo e gratuito, que inclui diagnóstico, exames e acompanhamento com neurologista. “Existem vários medicamentos disponíveis no SUS”, tranquiliza Caboclo. A escolha do fármaco depende das consultas

Realmente, o álcool pode desencadear crises em certas pessoas com o problema. Mas existem outros hábitos capazes de provocar um ataque, como dormir pouco e se expor a muitos flashes de luz. O estresse também é prejudicial nesse sentido.

Não. “Em uma convulsão, a pessoa fecha a boca com força. Se você colocar o dedo ali, pode se machucar”, diz Caboclo. Em um ataque epiléptico — que dura, cerca de dois minutos — afaste objetos, que podem machucar a pessoa, e vire a cabeça dela de lado para que não engasgue com a saliva

A epilepsia é uma doença neurológica, e não um transtorno psiquiátrico. Quando tratada, uma pessoa muitas vezes consegue viver bem com a condição, sem apresentar limitações intelectuais ou físicas. Mas, até pelo estigma, os pacientes correm maior risco de apresentar depressão e outros problemas do tipo.

A epilepsia até pode ser uma sequela de infecções, como a neurocisticercose e a meningite, mas nunca passa de uma pessoa para outra. “Não pega nem com saliva nem encostando”, reforça Caboclo. O quadro também é causado por lesões cerebrais, doenças genéticas ou falta de oxigênio no parto.

Começando pela primeira parte da pergunta: não, há convulsões que são disparadas por febre bem alta, pancadas na cabeça e mesmo outras doenças, por exemplo. O diagnóstico da epilepsia exige crises repetidas e exames específicos. Além disso — e aí chegamos à segunda parte da dúvida —, essa doença pode gerar crises de ausência, que são momentos repentinos de falta de foco, e espasmos do corpo (sem perda de consciência).

Existem muitos medicamentos para tratar a epilepsia. Por isso, é preciso que o doutor avalie o paciente individualmente. “Para cada tipo da doença e para cada pessoa, a gente escolhe o melhor remédio”, conclui Caboclo.

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